Erliquiose canina
- Kathleen pessin
- 18 de out. de 2017
- 3 min de leitura
A erliquiose monocítica canina (EMC) é uma hemoparasitose provocada pela bactéria riquétsia Ehrlichia canis, transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus (carrapato vermelho do cão ou carrapato marrom) durante o repasto sanguíneo e, menos comumente, pela transfusão sanguínea.
O carrapato precisa permanecer fixado no cão por algumas horas, elevando assim a temperatura do vetor e reativando o agente, isso faz com que o mesmo se multiplique dentro do vetor (carrapato) e atinja quantidades suficientes para levar a uma infecção.
É uma doença de distribuição mundial, com maior ocorrência em regiões tropicais e subtropicais, associada à presença do vetor.

O carrapato vermelho do cão, Rhipicephalus. Macho (à esquerda) e fêmea ingurgitada ou teleógina (à direita).
A gravidade da doença vai depender da cepa infectante, da idade do animal, da susceptibilidade e da alimentação.
A doença pode ser dividida em três fases:
Aguda: essa fase corresponde à fase inicial da infecção. Inicia-se após o período de incubação (uma a três semanas) e persiste por duas a quatro semanas, a grande maioria dos cães imunocompetentes sobrevive. Caracteriza-se pela multiplicação do agente nas células mononucleares, presentes no sangue e em órgãos como fígado, baço e linfonodos. Os sinais clínicos tendem a ser leves e inespecíficos, mas podem ser graves e até fatais, a febre é um achado comum, petéquias e outros achados de hemorragias são geralmente causadas pela trombocitopenia.
Subclínica: essa fase é caracterizada pela persistência da Ehrlichia canis no animal, particularmente no baço, com duração média de 6-8 semanas, embora alguns cães possam permanecer nessa fase por vários anos. Há elevada titulação de anticorpos para Ehrlichia canis resultando em sinais clínicos brandos, embora o óbito possa ocorrer por infecções oportunistas. Animais imunocompetentes podem debelar a infecção nessa fase, mas aqueles que não conseguem eliminar o agente, evoluem para a fase crônica da doença
Crônica: essa fase apresenta caráter imunomediado, resultando em pancitopenia, por destruição das células sanguíneas da circulação e comprometimento da medula óssea, e deposição de imunocomplexos, podendo resultar em glomerulonefrite e poliartrite. Pode haver exacerbação dos sinais presentes na fase aguda, o óbito pode ocorrer devido a hemorragias ou infecções secundárias, como consequência do comprometimento do sistema imune.
As manifestações oftálmicas da doença são comuns, como hemorragia retinal e uveíte anterior.

Hifema em um cão devido a Ehrlichia canis.

Petéquias na pele do abdome devidas à trombocitopenia em uma cadela infectada por Ehrlichia canis.
O diagnóstico da erlichiose é feito pelo médico veterinário através de achados clínico laboratoriais compatíveis com a infecção, no hemograma a trombocitopenia é alteração mais encontrada comumente, mas também pode-se encontrar anemia, leucopenia, neutrofilia, entre outras alterações. Já no exame bioquímico, durante qualquer fase da doença pode-se observar graus variáveis de hiperproteinemia, hiperglobulinemia, hipoalbuminemia, atividade elevada da alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA). O exame de esfregaço sanguíneo obtido a partir de amostras de sangue coletados de vasos sanguíneos periféricos do pavilhão auricular pode aumentar as chances de encontrar mórula. A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é um teste sorológico padrão para encontrar anticorpos anti-E. canis, com o resultado expresso em títulos de anticorpos, é um teste considerado completar pois um resultado positivo indica que o paciente foi infectado previamente. A reação em cadeia pela polimerase (PCR) é um teste sensível e específico para diagnosticar EMC, pois tem a capacidade de detectar o agente em pequenas quantidades, mesmo antes da formação de mórulas.
A rapidez do diagnóstico encontra-se diretamente relacionada ao sucesso do tratamento.
O tratamento consiste no uso de antibacterianos, com destaque para aqueles da classe das tetraciclinas, entretanto, alguns pacientes podem precisar de transfusão sanguínea, suplementos vitamínicos e minerais, e até mesmo, drogas imunossupressoras, a fim de reverter o processo imunomediado desencadeado pela infecção.
A erliquiose acomete cães de todas as raças, independente do sexo ou idade, portanto é necessário que se faça uma boa prevenção para evitar a doença. O controle de carrapatos deve ser mantido a todo tempo, existem no mercado diversas apresentações de fármacos, como comprimidos, coleiras e spot-on, dê preferência a fármacos com efeito knock down ou “de rápida paralisia”.
Lembre-se de sempre levar seu cão ao médico veterinário para exames periódicos e sempre que perceber qualquer alteração. Ele é o profissional apto para cuidar do seu pet e indicar os medicamentos necessários. Nenhum medicamento deve ser administrado sem a prescrição médico veterinária.

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