Como superar a morte do seu pet
- newsnutrivet
- 19 de abr. de 2017
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Os animais de estimação estão cada vez mais inseridos no convívio familiar e a perda pode gerar muita comoção para o seu tutor. A acelerada rotina diária, na busca incessante por qualificação profissional e melhor inserção no mercado de trabalho faz com que os jovens casais decidam por ter animais de estimação, adiando a decisão por um filho. Entretanto, pessoas idosas também buscam a companhia de um pet para não se sentirem sozinhos em casa.
Essa tendência é algo muito perceptível não só no Brasil, mas em todo o mundo. Isso resulta em estreitamento do afeto entre o ser humano e os animais, com uma maior inclusão dos pets no ambiente familiar, sendo comum observamos pessoas dizendo que tem filhos de quatro patas, tratando-os com todo zelo, respeito e muitas vezes cercados de mimos.

Brincadeiras a parte, podemos dizer com categoria que os animais de estimação se tornaram membros de nossa família e convívio diário, ficando bem lá pra trás aquela imagem do cachorro de quintal, cuja a única finalidade era “tomar conta da casa” ficando ele apenas na área externa da residência. Com todas essas mudanças comportamentais, vieram também alguns problemas e o mais delicado deles é de como superar a morte do animal de estimação que se tornou um membro de nossa família? A expectativa de vida dos animais de estimação é muito inferior a dos seres humanos e muitos não saberão como lidar com o sentimento da perda que, além de doloroso, pode-se tornar muito traumático. Queridos leitores, quero dividir com vocês no decorrer desse texto, algumas dicas valiosas para enfrentar esse problema que já bateu ou que eventualmente baterá a porta de todos os amantes de animais.

Primeiramente devemos reconhecer que a expectativa de vida dos cães e gatos é muito inferior a dos seres humanos e que, mesmo com os melhores cuidados médicos, prevenção de doenças e nutrição, a expectativa de vida deve ficar em torno dos 14-18 anos para os cães, dependendo da raça e porte, e 16-20 anos para os gatos. A dica é, acostume-se com a idéia que seu animal de estimação viverá bem menos que você, e tente proporcionar a ele os melhores anos que um pet poderia ter.

Ter em mente que cada um de nós vivencia a dor e perda de formas diferentes nos ajuda a compreender que o “consolo” pode ser encontrado de diferentes maneiras, e que, no momento em que estivermos atravessando um episódio de perda, devemos procurar fazer algo que nos motive e proporcione prazer. Muitos tutores de animais podem sentir-se culpados pela morte do seu pet, por ter demorado a perceber os primeiros sinais de doença ou por não ter os recursos adequados. Deve-se evitar pensamentos destrutivos, e lembrar que esse pensamento não irá mudar nada do que ocorreu no passado ou do que poderia ter ocorrido. É fundamental, portanto, manter um pensamento saudável, e muitas vezes só conseguimos alcançar isso em um momento de dor, quando ocupamos a nossa mente com outras atividades que nos ajudem a nos desligar dos pensamentos negativos em que nada nos acrescentam. É o momento, portanto, de colocar em prática uma atividade que nos motive.

É normal ver que alguns proprietários sofrem mais do que outros ao perder seu animalzinho, isso não se trata de ser ou não uma pessoa boa, mas pelo simples fato de possuírem um vinculo afetivo maior com o animal de estimação. Quanto maior o grau afetivo, maior será o luto vivido pela pessoa. Um ponto que deve ser destacado é que em nossa sociedade existem certas regras em relação ao luto, principalmente se referindo ao luto pela perda de um animal de estimação, e por conta disso a maioria das pessoas acaba escondendo seus verdadeiros sentimentos em relação a isso, por medo de sofrer discriminação, rejeição e, até mesmo, ser vista como insana. Diante desses fatos e de toda a influência cultural, algumas pessoas temem em manifestar publicamente o luto pela perda de seu animal de estimação, tudo isso pelo motivo de nossa cultura atribuir menos valor a vida do animal e naturalmente banalizando o luto por ela. Para ilustrar a importância do padrão cultural na expressão das emoções, vale a pena citar o Egito Antigo, onde cães e gatos eram honrados e adorados como deuses. Quando um destes companheiros falecia, os proprietários manifestavam o luto raspando as sobrancelhas e lamentando em voz alta por vários dias.

Vamos tentar compreender melhor como ocorre o sentimento de luto dentro de nós. Em termos neurobiológicos, o luto pela perda de um companheiro seria modulado pelos mesmos mecanismos neurais que regulam o luto por humanos. Pesquisadores da Columbia University e do New York State Psychiatric Institute defendem que a ligação entre a amígdala, estrutura reguladora das emoções, e as regiões pré-frontais do córtex cerebral é responsável por regular o foco da atenção e os sentimentos de tristeza dos enlutados. Tais mecanismos seriam os responsáveis por manter os pensamentos constantes com o ente falecido e pela tristeza, sintomas cardinais do luto. Porém, para entender completamente o luto, seria necessário entender a complexa relação entre o homem e estes queridos companheiros. Anna Quindlen, em "Good Dog Stay", descreveu a relação com seu cão como a única relação não complicada em sua vida: "o que você vê é o que você tem". Fromma Walsh, professora e fundadora do Chicago Center for Family Health, descreve que muitas pessoas, de crianças a idosos, experimentam uma profunda afinidade com o companheiro de estimação e que isso transcende a dimensão espiritual da experiência humana. Poderíamos ainda dizer que esta relação se dá pelo amor fraterno, despertado pela compaixão pelo mais fraco e indefeso.

Na tentativa de entender a natureza da associação homem-pet, alguns estudos se debruçaram sobre a Teoria do Apego, descrita na década de 80 pelo psicanalista John Bowlby. Segundo Bowlby, o apego caracteriza-se, entre outras coisas, pelo desejo de estar perto, aconchegar-se, cuidar, segurar, necessidade de estabelecer contato visual e sorrir na presença do outro. O apego está presente na relação entre genitores e bebês, em relacionamentos românticos entre humanos e entre animais e seus filhotes. É provável que a relação bilateral de apego homem-animal seja o fator determinante para o desenvolvimento do sentimento de luto.
É importante conhecer os sentimentos para podermos entende-los da melhor forma possível. No caso do luto existem 5 fases marcantes.

Podemos dizer que um forte apego preanuncia uma reação de luto mais intensa. Mas na verdade ainda são poucos os estudos comparando este sentimento ao luto pela perda humana. Em um destes, algumas pessoas relataram sentimentos de igual ou maior intensidade do que na perda de um parente. Tal comportamento pode ser considerado normal em casas onde o companheiro foi amado, respeitado e incorporado como parte da família.
Esse sentimento vai depender também de alguns fatores, tais como o apego e o papel que aquele companheiro representou para o indivíduo. Nestes mesmos estudos, os participantes relataram que a presença do companheiro havia ajudado a superar períodos críticos da vida, como separação conjugal, desemprego e morte de familiares.

Um fato é determinante para superar o sentimento de luto pelo animal que se foi, e muitas vezes de maneira abrupta como, por exemplo, num acidente. Esse fato se chama aceitação, a saudade, dor e tristeza fazem parte do processo do luto necessário para reorganizar a vida. Embora a lembrança nunca se vá, a tristeza a ela associada vai perdendo intensidade. Enquanto isso não acontece, algumas atitudes que marquem um encerramento podem minimizar a dor e trazer algum apoio:
Não se sinta envergonhado de fazer uma cerimônia de sepultamento em cemitério para animais ou em propriedade privada, essa atitude é muito importante, pois ela nada mais é que um ato de encerramento, de despedida de uma fase da vida que se foi, e funciona muito bem para que nosso cérebro entenda que houve uma despedida nesse ato e que devemos iniciar uma nova fase.

Inteirar-se das necessidades de um abrigo de animais próximo de sua casa, reunir amigos e familiares para uma doação em memória do companheiro é uma ótima iniciativa, além de trazer conforto você estará ajudando animais necessitados de todo o tipo de ajuda, pois nossas feridas interiores podem servir para ajudar e alegrar quem precisa, gerando através disso um ciclo de cura interior e bondade.
Procurar pessoas de confiança para falar sobre a morte de seu animalzinho de estimação é muito reconfortante, pois amigos ou familiares normalmente nos oferecem ajuda em momentos difíceis e de solidão.
Pode parecer um ato sem sentido, mas plantar uma flor ou árvore em memória do companheiro é simplesmente libertador em muitos casos. Ter uma lembrança de algo que foi feito em memória de um ser tão amado é uma ferramenta que pode ser usada para enfrentar melhor o luto pelo animal.

Organizar um livro memorial com fotos de momentos felizes, além de ser uma atividade extra em seu dia a dia, poderá te proporcionar muitos sorrisos futuramente.
Buscar grupos de apoio ao luto é um passo que muitas vezes é necessário para passar pelos momentos de dor e perda. Não imponha limites para superar esse momento tão delicado, se necessário busque também apoio espiritual.
Se tratando de crianças, uma boa sugestão é pedir para escreverem uma cartinha ao companheiro falecido, esse ato ajudará a criança a expor melhor os seus sentimentos e consequentemente a isso ela se sentirá melhor diante da dor e saudade por ter perdido seu animalzinho tão querido.
E finalmente quando estiver pronto, adotar um outro companheiro. Essa atitude feita no momento certo, trará para a sua rotina muitas alegrias, você provavelmente se sentirá renovado, pronto para oferecer todo seu amor e carinho novamente.

Livros sugeridos:
*Marley e eu
*Amor e superação-Como enfrentar perdas e viver o luto
*O amor pelos animais
*A cabeça do cachorro
*GoodDogStay
Querido leitor, espero ter ajudado da melhor forma possível! E nunca se esqueça, por mais difícil que seja superar a morte de seu animal de estimação, você nunca está só! No caso de dúvidas e sugestões nos envie um email, teremos imenso prazer em responder.

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